Nunca sabe o que dizer. Sempre que olha para uma página em branco, se pergunta o que poderia fazer com ela. Desenhar? Não tem essa habilidade. Escrever? Perdeu esse hábito há tanto tempo que todas as palavras que tem a intenção de colocar ali não parecem boas o suficiente. O não-dito paira como uma nuvem sobre sua cabeça até que se dissipa. Ou fica ainda mais condensado?
Lençóis bagunçados
Encontrei um rascunho. Nele, estava escrito algo sobre lençóis brancos e pesados, bagunçados em uma cama espaçosa. Só pode ser sobre você. Me lembrei de quando eu abria os meus olhos e você estava ao meu lado, com a boca entreaberta e mergulhada em um sono tão profundo, que eu ficava horas esperando você despertar assustada. É… você sempre acordava um tanto quanto confusa, tentando reconhecer o ambiente no qual estava. Em seguida, sorria quando me percebia ali e me dava um beijo quente e sonolento.
Sobre sentir-se inerte
Este blog está parado desde fevereiro. Vira e mexe volto aqui e começo a escrever algumas linhas, mas desisto logo no início. Aliás, este espaço se chama Só um Rascunho por algum motivo, não é? Assunto não falta; o que sobra é procrastinação. É isso mesmo, mas juro que não é minha rotina ou aquela leve preguiça que toma conta de todos nós. Eu apenas tenho dificuldade de levar minhas ideias e vontades adiante.
Oscar para quem?
Viola Davis foi a primeira mulher negra a ganhar o prêmio de melhor atriz em série dramática em 67 edições do Emmy. Em seu discurso, disse: “A única coisa que diferencia as mulheres negras de qualquer outra pessoa é a oportunidade”
A representatividade importa. Em um mundo em que a maioria das produções culturais são feitas por um olhar branco, machista e heteronormativo, ficamos com a sensação de que nossas histórias não são contadas quando nos viramos para as grandes telas do cinema ou dos televisores. Quem somos nós? As chamadas minorias: mulheres, negros, lésbicas, gays, bissexuais, transexuais. Apesar dos poucos avanços e da necessidade de se incluir grupos marginalizados, é perceptível a falta de interesse, incentivo e oportunidades, além da contínua naturalização do preconceito nos produtos audiovisuais.
A conversa chegou à cozinha

– Cala a boca porque a conversa não chegou à cozinha! – me disse o homem branco e hétero, desfrutando de seus privilégios sociais e saboreando sua cerveja gelada.
É que vocês sabem, né? Lugar de mulher é pilotando o fogão, lavando as roupas no tanque e cuidando da casa e dos filhos. Mulher não pode rebater comentários sexistas, homofóbicos e racistas. Não pode levantar a voz para problematizar ou dizer o que pensa. Não pode enfrentar macho que se acha fodão. Não pode beber e se divertir. Não pode usar a roupa que gosta. Não pode expressar sua sexualidade. Não pode ser bem sucedida nem independente. Não pode ser lésbica ou bissexual. Não pode quebrar paradigmas e fugir do que a sociedade patriarcal impõe. Simplesmente não pode.
Paisagem de minério
Assim que me levanto pelas manhãs, abro as cortinas e admiro a paisagem. É hábito. Tem dias que a neblina esconde por completo a Serra de Casa de Pedra ou deixa apenas seu pico à mostra. Em outros, seu tom esverdeado parece se fundir ao azul do céu. Já os raios do sol ou a luz da lua, dão brilho às águas do que parece ser um lago. É lindo! Mas é casca.
Nude: autonomia das ‘minas’ em um clique
Não importa se a câmera é de 2 ou 14 megapixels, o que vale é o clique e a imagem que fica congelada. Fotos que acentuam curvas, formas, tamanhos e cores diferentes. Corpos singulares que, muitas vezes, estão presos às amarras dos estereótipos tão nocivos que a sociedade nos impõe. Mais do que um jogo sexual, as fotos nuas ou, para quem preferir, os nudes, podem ser positivas para mulheres que não se sentem confortáveis consigo mesmas ou com o poder de sua sexualidade.